lunedì 7 luglio 2008

A Casa da Mariquinhas, un classico Fado Corrido

A Casa da Mariquinhas è un esempio di Fado Corrido. Marceneiro fu l’autore e il primo interprete del testo scritto da S. Tavares. Marceneiro, che era anche un’abile falegname, rese omaggio alla canzone costruendo un modello della casa in scala 1:10 rispettando la descrizione fatta da Tavares.
Questo Fado, è stato cantato dai più celebri fadisti (Amália Rodrigues, Herminia Silva, Carlos Ramos) e ci sono diverse versioni del testo. Questa è una versione di Herminia Silva, celebre fadista del teatro di rivista.
La versione di Linhares Barbosa s’intitola O leilao da Casa da Mariquinhas, tra i vari interpreti ci sono Marceneiro e Herminia Silva.
Un altro testo è stato scritto da Carlos Conde, è un Fado Mouraria e s’intitola Já Sabem da Mariquinhas.
Amália Rodrigues, canta la versione di Mariquinhas più conosciuta dal pubblico, s’intitola Vou dar de beber á dor, scritta da A.Janes. C’è una versione in italiano con il titolo “La Casa in Via del Campo (contenuta nel cd Amalia in Italia, Emi). Come si può notare questa versione è musicalmente differente dalle precedenti.
Testi

Casa da Mariquinhas (Silva Tavares, Marceneiro, Fado Corrido)

É numa rua bizarra
A casa da Mariquinhas
Tem na sala uma guitarra
E janelas com tabuinhas

Vive com muitas amigas
Aquela de quem vos falo
E não há maior regalo
Que a vida de raparigas
É doida pelas cantigas
Como no campo a cigarra
Se canta o fado à guitarra
De comovida até chora
A casa alegre onde mora
É numa rua bizarra

Para se tornar notada
Usa coisas esquesitas
Muitas rendas, muitas fitas
Lenços de cor variada.
Pretendida, desejada
Altiva como as rainhas
Ri das muitas, coitadinhas
Que a censuram rudemente
Por verem cheia de gente
A casa da Mariquinhas


É de aparência singela
Mas muito mal mobilada
E no fundo não vale nada
O tudo da casa dela
No vão de cada janela
Sobre coluna, uma jarra
Colchas de chita com barra
Quadros de gosto magano
Em vez de ter um piano
Tem na sala uma guitarra

P'ra guardar o parco espólio
Um cofre forte comprou
E como o gaz acabou
Ilumina-se a petróleo.
Limpa as mobílias com óleo
De amêndoa doce e mesquinhas
Passam defronte as vizinhas
P'ra ver o que lá se passa
Mas ela tem por pirraça
Janelas com tabuinhas

Vou dar de beber a dor (A.Janes)

Foi no Domingo passado que passei
À casa onde vivia a Mariquinhas
Mas está tudo tão mudado
Que não vi em nenhum lado
As tais janelas que tinham tabuinhas

Do rés-do-chão ao telhado
Não vi nada, nada, nada
Que pudesse recordar-me a Mariquinhas
E há um vidro pegado e azulado
Onde via as tabuinhas

Entrei e onde era a sala agora está
À secretária um sujeito que é lingrinhas
Mas não vi colchas com barra
Nem viola nem guitarra
Nem espreitadelas furtivas das vizinhas

O tempo cravou a garra
Na alma daquela casa
Onda às vezes petiscávamos sardinhas
Quando em noites de guitarra e de farra
Estava alegre a Mariquinhas

As janelas tão garridas que ficavam
Com cortinados de chita às pintinhas
Perderam de todo a graça porque é hoje uma vidraça
Com cercaduras de lata às voltinhas

E lá pra dentro quem passa
Hoje é pra ir aos penhores
Entregar o usurário, umas coisinhas
Pois chega a esta desgraça toda a graça
Da casa da Mariquinhas

Pra terem feito da casa o que fizeram
Melhor fora que a mandassem prás alminhas
Pois ser casa de penhor
O que foi viveiro de amor
É ideia que não cabe cá nas minhas

Recordações de calor
E das saudades o gosto eu vou procurar esquecer
Numas ginjinhas

Pois dar de beber à dor é o melhor
Já dizia a Mariquinhas
Pois dar de beber à dor é o melhor
Já dizia a Mariquinhas

O leilao da Casa da Mariquinhas (Fado Corrido, Linhares Barbosa)

Ninguém sabe dizer nada
Da formosa Mariquinhas,
A casa foi leiloada,
Venderam-lhe as tabuinhas.

Ainda fresca e com gajé
Encontrei na Mouraria
A antiga Rosa Maria
E o Chico do Cachené.
Fui-lhes falar, já se vê,
E perguntei-lhes de entrada
Pela Mariquinhas, coitada...
Respondeu-me o Chico: “E vê-la?
Tenho querido saber dela
Ninguém sabe dizer nada.”

As outras suas amigas,
A Clotilde, a Júlia, a Alda,
A Inês, a Berta, a Mafalda,
E as outras mais raparigas
Aprendiam-lhe as cantigas,
As mais ternas, coitadinhas,
Formosas como andorinhas
Olhos e peitos em brasa...
Que pena tenho da casa
Da formosa Mariquinhas!

Então o Chico apertado
Com perguntas, explicou-se:
“A vizinhança zangou-se
fez um abaixo-assinado,
diziam que havia fado
alí, até madrugada,
e a pobre foi intimada
a sair; foi posta fora
e por mor duma penhora
a casa foi leiloada.”

O Chico fora ao leilão,
Arrematou uma guitarra,
O espelho, a colcha com barra,
O cofre-forte e o fogão.
Como não houve cambão,
Porque eram coisas mesquinhas,
Trouxe um par de chinelinhas,
O alvará e as bambinelas.
E até das próprias janelas
Venderam-lhe as tabuinhas.

2 commenti:

Anonimo ha detto...

non credevo che alle 7 di mattina, appena dopo il caffè... il fado di Amalia ( Vou dar de beber a dor ) potresse essere tanto bello!
Grazie Luisa, vado a lavorare contento.
Mino.

Anonimo ha detto...

Lelivre AMÁLIA A DIVINA VOZ DOS POETAS E DE PORTUGAL est un vrai phénomène. Un vrai succès! Très bien écrit. Un vrai miracle. Félicitations à son auteur.